Brasileiros desconhecem sintomas de pneumonia

Os brasileiros desconhecem os males importantes da pneumonia –a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo, segundo uma pesquisa encomendada pela SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) ao Datafolha.

Segundo o Datasus, 45.500 brasileiros morreram em 2009, sendo que mais de 70% deles tinham mais de 60 anos. No país, o problema é a principal razão de internação hospitalar no SUS (Sistema Único de Saúde) –com a exceção de questões ligadas à gestação– totalizando 900 mil casos por ano.

O estudo inédito, batizado de “Saúde Respiratória e do Pulmão”, tem como objetivo quantificar o tamanho da desinformação e alertar não apenas a sociedade, mas também autoridades para este problema de saúde pública.

Foram entrevistados 2.242 brasileiros com 16 anos ou mais, pertencentes a todas as classes econômicas.

DESCONHECIMENTO E MORTALIDADE

De acordo com a pesquisa, a população não apenas desconhece a pneumonia, como em geral não conhece os sintomas, as formas de prevenção, os agravantes ou o médico que deve ser procurado em casos de suspeita.

“O principal fator responsável pelo agravamento da pneumonia é o atraso do início do tratamento. A demora em procurar o médico, a automedicação ou a realização de exames inadequados levam a quadros mais graves e até mesmo à morte”, alerta Jussara Fiterman, presidente da SBPT.

Este atraso pode ser a origem de tantas hospitalizações e mortes no país. Apesar disso, nenhum destes fatores foram citados na pesquisa. Entre os 2.147 entrevistados que afirmaram conhecer a pneumonia, 6% não souberam citar um único fator que pode aumentar o risco de uma pessoa adquirir ou agravar a doença. Dos demais, 67% citaram clima frio ou úmido; 46% fumaça de cigarro; 42% ar-condicionado ou ventilador; 37% pó ou poeira; 36% poluição; 9% hereditariedade; 6% sedentarismo e 2% consequência de gripe mal curada.

“O que causa a pneumonia é a infecção por vírus ou bactéria, que originam as pneumonias viral e bacteriana. Ambas as versões são agravadas, basicamente, pelo atraso no início do tratamento, pois a maioria dos casos responderia muito bem aos medicamentos”, explicou Fiterman.

A mortalidade ainda aumenta 20%, caso o antibiótico correto não seja dado nas primeiras seis horas do início dos sintomas plenos.

Por esta razão, reconhecer os sintomas e procurar o médico pode ser determinante no sucesso do tratamento. No entanto, 23% dos entrevistados que afirmam conhecer a doença não souberam citar um único sintoma. Os mais citados foram dores no peito, pulmões, tórax e nas costas (37%); calafrios (35%); tosse seca e contínua (31%); falta de ar (23%); e mal estar e indisposição (19%).

Numa situação hipotética de suspeita da pneumonia, 40% não saberiam a que médico recorrer. Os demais, 33% iriam a um clínico geral; 25% ao pneumologista –médico especialista na saúde respiratória; 1% ao infectologista; 1% ao “especialista em pulmão” e 1% ao otorrinolaringologista.

A desinformação não para por aí. O diagnóstico da doença também é mistério a maioria dos brasileiros. Além do exame clínico realizado pelo médico em consultório, o raio-x é suficiente para diagnosticar a doença e iniciar o tratamento com medicamentos. Apenas 29% apontaram a escuta do pulmão, e pouco mais da metade (58%) optaria pela radiografia. Todas estas respostas foram dadas depois de visualizar uma lista de diversos exames utilizados pela pneumologia para os diversos males do sistema respiratório. Foram citados, equivocadamente, tomografia (26%); teste do escarro ou baciloscopia (15%); broncoscopia (8%); teste do sopro ou espirometria (6%); e teste subcutâneo de Mantoux (2%). Cerca de 18% não souberam citar um único exame.

MITOS E VERDADES

A Pneumonia está relacionada a dois grandes mitos das doenças respiratórias:

  • Resultados de gripe mal curada

Para 2% dos entrevistados, a pneumonia é resultado de uma gripe mal curada. “Não existe gripe mal curada, o que existe é um indivíduo fragilizado por uma gripe, com resistência baixa, mais suscetível a diversas doenças, entre elas a pneumonia, pois a gripe diminui as defesas do organismo, inclusive do aparelho respiratório”, explica a médica. Com isso, as bactérias chegam com mais facilidade e se instalam, fazendo uma doença subsequente.

“A gripe é autolimitada, vai se curar sozinha, mas nessa trajetória deixará as barreiras abertas para a bactéria entrar. O sistema imunológico, por sua vez, não presta atenção na bactéria porque está ocupado com o vírus”. O mesmo aconteceu recentemente com a gripe suína. Muitas das vítimas desta gripe tiveram suas mortes causadas por pneumonia bacteriana. Esta infecção secundária se instalou durante o curso da gripe, foi agravada e acabou levando o paciente à morte durante o combate ao vírus H1N1.

  • Princípio de pneumonia

Esta é outra expressão bastante comum, mas sem nenhum fundamento. Como explica a Fiterman, não existe princípio da doença, visto que é uma infecção. Ou o indivíduo está infectado, ou não está. As bactérias causadoras da pneumonia existem normalmente nas vias aéreas, assim como no meio ambiente, mas o sistema imunológico geralmente as bloqueia e não adoecemos. Mas com a baixa imunidade elas podem nos levar à pneumonia, é a chamada pneumonia comunitária.

Fonte: Folha Equilibrio e Saúde

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