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DPOC mata mais no Brasil que em outros países

Apesar da queda no número de fumantes nos últimos anos, o Brasil ainda registra casos de mortalidade por doença respiratória obstrutiva crônica (DPOC) associada ao cigarro acima da média mundial.

Um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca), divulgado hoje durante o evento em comemoração ao Dia Mundial Sem Tabaco, aponta que oito em dez homens e seis em dez mulheres que morrem de DPOC no País fumam. A média mundial de mortalidade nesses casos, segundo o Inca, é de cinco em cada dez homens e duas em cada dez mulheres.

A DPOC é uma doença progressiva crônica e incapacitante, que pode se manifestar como bronquite ou enfisema pulmonar. Em 90% dos casos, o enfisema é causado pelo cigarro, que gera inflamação nos brônquios e destrói os alvéolos e o tecido pulmonar. Com o tempo, a pessoa perde a capacidade de respirar normalmente – a troca gasosa fica debilitada. Estima-se que de 6% a 7% da população com mais de 40 anos tenha o problema.

Além disso, o Inca estima que 1 milhão de brasileiros, jovens ou idosos, convivem com alguma doença respiratória crônica associada ao ato de fumar. Essas enfermidades representam hoje a terceira causa de mortalidade por doença no Brasil, ficando atrás apenas dos problemas cardiovasculares e dos cânceres.

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Tabaco: dependência e doença

As pessoas ainda não consideram a dependência do tabaco como uma doença. Além disso, muitos desconhecem a relação entre o vício do cigarro e as patologias que ele causa ao longo da vida.

Preocupados em descobrir se as pessoas leigas sabem que ser viciado em cigarro de tabaco é doença e também se elas identificam que o vício causa doenças específicas, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu resolveram fazer o estudo com pacientes internados por quaisquer doenças, relacionadas ou não ao tabaco, em hospital público. O resultado da pesquisa mostrou que apenas 40% consideram o tabagismo como sendo doença e um número ainda menor vincula doenças ao vício.

De acordo com o artigo que apresenta os resultados do trabalho, publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia de março/abril de 2010, Irma de Godoy e colegas estudaram 186 pacientes com relação a hábitos ativos e passivos de tabagismo, aspectos demográficos, causa da internação e conhecimento deles sobre a relação entre tabagismo e doença. Avaliadas as respostas dos questionários aplicados, o grupo de pesquisa identificou 22,6% de fumantes, 34,4% de ex-tabagistas, 43% de pacientes que disseram nunca ter fumado e 73% com história de exposição passiva ao fumo.

“O diagnóstico de admissão foi o de doença possivelmente relacionada ao tabaco em 21,5% dos pacientes e em 39% dos fumantes ativos e ex-fumantes” e “a proporção de fumantes e ex-fumantes que não conheciam a associação entre o tabagismo e a causa de internação foi similar (56% vs. 65%)”, escrevem os autores. Eles explicam que “apenas 19% dos fumantes e 32% dos ex-fumantes acreditavam que o tabagismo tivesse afetado sua saúde” e que “a proporção de ex-fumantes e de não fumantes que acreditavam que parar de fumar é uma questão de vontade foi significativamente maior que aquela de fumantes ativos (64% e 53%, respectivamente, vs. 24%”. Finalmente, diz o texto, “embora 96% dos pacientes acreditassem que o tabagismo cause dependência, apenas 60% identificavam o tabagismo como uma doença”.

Fonte: Agência Notisa, citada no Informativo ANAMT